quinta-feira, 2 de julho de 2015

ALTERNÂNCIAS[1]


Damião Solidade dos Santos[2]
Aqui nos referimos as Alternâncias no campo pedagógico, no âmbito da educação. Não, no político “que para ser democrático prever a alternância de poder”. Impossibilitado de está presente no evento denominado III Seminário do Observatório da Educação do Campo, que acontece dias 2 e 3  de julho, apresentamos aqui uma contribuição e saudação. Referimo-nos a palestra: “Pedagogia da Alternância e Alternância Pedagógica nos cursos superiores de Educação do Campo” que será proferida na Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (UNIFESSPA), em Marabá pela professora Lourdes Helena Silva da Universidade Federal de Viçosa – Minas Gerais.
Conhecemos a referida professora desde o I Seminário Internacional da Pedagogia da Alternância, realizado de 03 a 05 de novembro de 1999. Criado na ocasião um grupo de professores/as para se aproximar e trabalhar a metodologia das EFAs e CFRs. Neste evento participaram do estado Pará William Santos Assis, Marizete Fonseca da Silva e Rose Martins Tavares. Estava concluindo a sua tese de doutorado “Representações sociais da relação Escola-Família no universo das experiências brasileiras de formação em Alternância”, defendida em 2000. Inclusive estudou as origens da metodologia na França.
Para Lourdes Helena “a temática da Pedagogia da Alternância não apenas permanece atual, como vem tendo a sua popularidade ampliada no cenário educacional brasileiro. A multiplicação e consolidação dos Centos Familiares de Formação por Alternância (CEFFAs) e o reconhecimento do potencial educativo da proposta pedagógica, sobretudo no âmbito do Movimento da Educação do Campo, contribuíram para uma disseminação e utilização da Alternância para além das Escolas Família Agrícola e Casas Familiares Rurais” (SILVA, 2012, p. 13).
Para o professor João Batista Pereira de Queiroz a “Alternância está ganhando visibilidade na sociedade e despertando interesse no campo educativo, tanto como prática educativa, como objeto de investigação e de pesquisas” (QUEIROZ, 2013, p. 138).
Como a própria autora reconhece “o trabalho as experiências de formação de jovens do campo: alternância ou alternâncias? Constitui um dos trabalhos que aborda os fundamentos teóricos da Alternância, em seu propósito de analisar as modalidades e práticas de Alternância de dois centros de formação: EFA e CFR. Partindo da identificação e análise das representações sociais dos sujeitos envolvidos nas experiências educativas (pais, educadores, educandos), o estudo busca apreender a relação educativa escola família e caracterizar os tipos Alternâncias presentes em nossa sociedade no Brasil” (SILVA, 2013, p. 174).
Para Pedro Puig Calvó os pilares nos quais se baseiam as EFAs que se desenvolvem pelo mundo são: uma associação; uma metodologia pedagógica especifica: a alternância integrativa entre meio sócio-profissional e o centro escolar; a educação e a formação integral da pessoa; o desenvolvimento do meio local através da formação de seus próprios atores.
Os próprios teóricos da Pedagogia da Alternância reconhecem: “a Pedagogia da Alternância não é monopólio de nenhuma entidade, movimento ou sistema educativo ou de formação” e diz mais “existem muitas formas de aplicar e, portanto compreender a Alternância enquanto pedagogia está em construção, em movimento, porque parte da realidade mutante, o que significa que está se recompondo constantemente” (PUIG CALVÓ & GIMONET, 2013, p. 42).
Vale ressaltar que a história da Pedagogia da Alternância na região sudeste do Pará inicia na década de 1990 com articulação, implantação e funcionamento da EFA de Marabá (1993 – 2010), que em conjunto com outras organizações e a universidade realizaram a I Conferência de Regional Educação Rural (2001), gênese do Fórum Regional de Educação do Campo (FREC), colaboração nos cursos do PRONERA e na criação da Escola Agrotécnica de Marabá (atual IFPA – Campus Rural).
No momento uma demanda necessária no sudeste paraense é a oferta do Curso de Formação Inicial de Monitores/as das EFAs, neste sentido temos iniciado contatos com a UNIFESSPA e IFPA para execução de um projeto.
Em relação à matriz curricular dos cursos de licenciatura e especialização, entendemos ser necessária a inclusão da temática Pedagogia da Alternância, com base em experiências desenvolvidas nas universidades: UCB, UFMG. A nossa saudosa “ciências agrárias” contemplava.
Parabenizamos a coordenação do evento e demais pessoas envolvidas, em nome da das professoras Maura Pereira dos Anjos e Nilsa Brito Ribeiro, por pautar a temática da Pedagogia da Alternância no âmbito da Universidade.
Desde 2013 retomamos este debate e ação da Pedagogia da Alternância de forma pública e participativa, e partir de 2014 através da Secretaria Municipal de Educação de Marabá (SEMED) voltou a funcionar a EFA Professor Jean Hébette.
Estas ações (eventos) contribuem para que em breve se realize a VI Conferência Regional de Educação do Campo, o próprio funcionamento Fórum (FREC) se fortalece. Vamos juntos em prol do fortalecimento da Educação do Campo.

Referências
BEGNAMI, J. B.; DE BURGHGRAVE, T. (Orgs.). Pedagogia da alternância e sustentabilidade. Orizona (GO): UNEFAB, 2013. 279 p. (Coleção Agir e Pensar das EFA´s do Brasil, 2).
SILVA, L. H. As experiências de formação de jovens do campo: alternância ou alternâncias? Edição atualizada. Curitiba, PR: CRV, 2012. 188 p.



[1] Publicado originalmente no Jornal Opinião, Marabá– Pará, 2  e  3  julho de 2015, Edição: 2.609,  p. 2. Blogs: http://www.gazetando.com.br/2015/07/um-debate-sobre-educacao-do-campo.html?spref=fb

[2]Um dos fundadores da EFA de Marabá e membro da Equipe Pedagógica Nacional da UNEFAB. dsolidade@bol.com.br

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