Damião Solidade dos Santos[2]
Nesta Roda de Conversa que tem como
tema: “o Campo e a Gestão Escolar”, colocamos na pauta a socialização da
experiência Escola Família Agrícola (EFA) de Marabá, que dialogará com outras
ações: a Escola Nacional de Formação da Contag (ENFOC) coordenada no estado
pela Federação dos/as Trabalhadores/as na Agricultura do Estado do Pará
(FETAGRI), a Escola Municipal Boa Esperança do Burgo e a Casa Familiar Rural
(CFR) de Tucuruí, esta última também se baseia na Pedagogia da Alternância.
Vamos, então contar a história, sem
mentir. É importante esclarecer, que atuamos como Diretor na EFA de 1996 a 2004
e na Escola Municipal Carlos Marighella (Assentamento 26 de Março/MST). E mais
recentemente na implantação EFA “Prof. Jean Hébette”
(2013 – 2014).
A Escola Família Agrícola EFA “Prof. Jean Hébette” é
uma Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) integrada a Rede Ensino da
Secretaria Municipal de Educação de Marabá (SEMED), vinculada a Diretoria
da Educação do Campo, tendo à frente o professor Wesley Nascimento. Filiada
União Nacional das Escolas Famílias Agrícolas (UNEFAB). Iniciou
seu funcionamento no dia 19 de maio de 2014, em outro espaço e num novo
contexto histórico, tendo como lema: “Escolas Famílias Agrícolas esta ideia não
pode morrer!” e na crença “é possível
produzir conhecimentos e alimentos”.
A EFA tem como objetivo geral: proporcionar uma
Educação de Jovens e Adultos (EJA) para agricultores/as, de forma participativa
e integrada entre Escola, Família e Comunidade fundamentada na Pedagogia da
Alternância e nos princípios da Educação do Campo. Dentre os objetivos
específicos, destacamos: preparar os/as agricultores/as familiares para serem
agentes de desenvolvimento sócio e economicamente sustentável do meio rural com
atuação na família, na comunidade local ou regional.
A EFA com outras experiências e
organizações são pioneiras da Educação do Campo na região sul e sudeste do
Pará. Tendo como marco inicial o I Encontro de Jovens
Camponeses (1993). E posteriormente as primeiras Conferências Estadual e
Nacional (1998), e a Regional (2001). A caminhada até aqui proporcionou uma série
frutos e pode ser considerada um exemplo de gestão coletiva e participativa.
A EFA está fundamentada nos seguintes princípios:
Associação, Pedagogia da Alternância, Formação Integral e Desenvolvimento Rural
Sustentável. Conforme reconhece João Batista Begnami, a associação é um dos
principais fundamentos “a EFA é um sistema educativo em que a Pedagogia da
Alternância é a sua base metodológica e a associação constitui um dos
princípios fundamentais da participação das famílias, pessoas e entidades
afins, na gestão e partilha do poder educativo”.
A Associação constitui um dos
principais meios da EFA para conseguir seus objetivos. E tratando de gestão
constitui no instrumento que garante a participação das famílias na
administração da Escola. A sua atuação vai além do Conselho Escolar.
As famílias participam de encontros
(reuniões) na escola indo além aquela ideia de assinar boletim no final de ano.
Ocorrem também visita às famílias pelos/as educadores/as, e dos pais e das mães
na escola.
Outra contribuição que podemos
mencionar, é prática da Reunião de Monitores/as (professores/as), é um momento
que deve ocorrer no início e no final de cada sessão de estudo para discutir e
encaminhar as ações de forma coletiva. A função do coordenador/a (diretor/a) é
de líder, e o poder é compartilhado através de um trabalho em equipe.
Parabenizamos a gestão do Professor
Pedro Souza frente à Secretaria Municipal de Educação de Marabá, que em agosto
de 2014, realizou o Encontro de Gestores do Campo da SEMED,
com o tema: Educação do Campo: seus espaços, sujeitos e saberes. Depois deste evento têm ocorridos outros encontros no
âmbito de um Programa de Formação Continuada em vista da melhoria da qualidade
do ensino. Também foi criada Diretoria da Educação do Campo.
Nos faz lembrar os bons tempos liderados pela professora Eliete Rodrigues, o I
Seminário em agosto de 2007, depois vivenciamos a partir de 2009 quatro anos de
nuvens azuis onde as concepções de educação do campo tiveram poucos espaços.
Agora estamos em novos tempos “Marabá: minha cidade, meu futuro”, vamos avante
rumo à Pátria Educadora com uma educação pública e de qualidade, que garanta à
gestão democrática da Escola.
[2]Pedagogo com atuação na Escola Família Agrícola
Prof. Jean Hébette (EFA) e na Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural
do Estado do Pará (EMATER-PARÁ), Marabá - PA. dsolidade@bol.com.br
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