quinta-feira, 7 de maio de 2015

CONTRIBUIÇÕES DA PEDAGOGIA DA ALTERNÂNCIA PARA A GESTÃO ESCOLAR NA EDUCAÇÃO DO CAMPO[1]



Damião Solidade dos Santos[2]
Nesta Roda de Conversa que tem como tema: “o Campo e a Gestão Escolar”, colocamos na pauta a socialização da experiência Escola Família Agrícola (EFA) de Marabá, que dialogará com outras ações: a Escola Nacional de Formação da Contag (ENFOC) coordenada no estado pela Federação dos/as Trabalhadores/as na Agricultura do Estado do Pará (FETAGRI), a Escola Municipal Boa Esperança do Burgo e a Casa Familiar Rural (CFR) de Tucuruí, esta última também se baseia na Pedagogia da Alternância.
Vamos, então contar a história, sem mentir. É importante esclarecer, que atuamos como Diretor na EFA de 1996 a 2004 e na Escola Municipal Carlos Marighella (Assentamento 26 de Março/MST). E mais recentemente na implantação EFA “Prof. Jean Hébette” (2013 – 2014).
A Escola Família Agrícola EFA “Prof. Jean Hébette” é uma Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) integrada a Rede Ensino da Secretaria Municipal de Educação de Marabá (SEMED), vinculada a Diretoria da Educação do Campo, tendo à frente o professor Wesley Nascimento. Filiada União Nacional das Escolas Famílias Agrícolas (UNEFAB). Iniciou seu funcionamento no dia 19 de maio de 2014, em outro espaço e num novo contexto histórico, tendo como lema: “Escolas Famílias Agrícolas esta ideia não pode morrer!” e na crença “é possível produzir conhecimentos e alimentos”.
A EFA tem como objetivo geral: proporcionar uma Educação de Jovens e Adultos (EJA) para agricultores/as, de forma participativa e integrada entre Escola, Família e Comunidade fundamentada na Pedagogia da Alternância e nos princípios da Educação do Campo. Dentre os objetivos específicos, destacamos: preparar os/as agricultores/as familiares para serem agentes de desenvolvimento sócio e economicamente sustentável do meio rural com atuação na família, na comunidade local ou regional.
A EFA com outras experiências e organizações são pioneiras da Educação do Campo na região sul e sudeste do Pará. Tendo como marco inicial o I Encontro de Jovens Camponeses (1993). E posteriormente as primeiras Conferências Estadual e Nacional (1998), e a Regional (2001). A caminhada até aqui proporcionou uma série frutos e pode ser considerada um exemplo de gestão coletiva e participativa.
A EFA está fundamentada nos seguintes princípios: Associação, Pedagogia da Alternância, Formação Integral e Desenvolvimento Rural Sustentável. Conforme reconhece João Batista Begnami, a associação é um dos principais fundamentos “a EFA é um sistema educativo em que a Pedagogia da Alternância é a sua base metodológica e a associação constitui um dos princípios fundamentais da participação das famílias, pessoas e entidades afins, na gestão e partilha do poder educativo”.
A Associação constitui um dos principais meios da EFA para conseguir seus objetivos. E tratando de gestão constitui no instrumento que garante a participação das famílias na administração da Escola. A sua atuação vai além do Conselho Escolar.
As famílias participam de encontros (reuniões) na escola indo além aquela ideia de assinar boletim no final de ano. Ocorrem também visita às famílias pelos/as educadores/as, e dos pais e das mães na escola.
Outra contribuição que podemos mencionar, é prática da Reunião de Monitores/as (professores/as), é um momento que deve ocorrer no início e no final de cada sessão de estudo para discutir e encaminhar as ações de forma coletiva. A função do coordenador/a (diretor/a) é de líder, e o poder é compartilhado através de um trabalho em equipe.
Parabenizamos a gestão do Professor Pedro Souza frente à Secretaria Municipal de Educação de Marabá, que em agosto de 2014, realizou o Encontro de Gestores do Campo da SEMED, com o tema: Educação do Campo: seus espaços, sujeitos e saberes. Depois deste evento têm ocorridos outros encontros no âmbito de um Programa de Formação Continuada em vista da melhoria da qualidade do ensino. Também foi criada Diretoria da Educação do Campo. Nos faz lembrar os bons tempos liderados pela professora Eliete Rodrigues, o I Seminário em agosto de 2007, depois vivenciamos a partir de 2009 quatro anos de nuvens azuis onde as concepções de educação do campo tiveram poucos espaços. Agora estamos em novos tempos “Marabá: minha cidade, meu futuro”, vamos avante rumo à Pátria Educadora com uma educação pública e de qualidade, que garanta à gestão democrática da Escola.


[1] Publicado originalmente no Jornal Opinião, Marabá– Pará, abril de 2015, Edição: 2585,  p. 2.
[2]Pedagogo com atuação na Escola Família Agrícola Prof. Jean Hébette (EFA) e na Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (EMATER-PARÁ), Marabá - PA. dsolidade@bol.com.br

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